terça-feira, 30 de setembro de 2008

"Festa de S.Miguel & S. Jerónimo 2008"


Os Últimos Cristãos-novos (Judeus)


Tia Olívia Tabaco, possivelmente a última rezadeira judaica de Vilarinho dos Galegos (Mogadouro, Portugal),
Que acendia as “candeias do Senhor”, às sextas-feiras à noite, com torcidas “rezadas”, na velha cozinha da sua modesta casa, “pintada” com as negras cores de muitos rigorosos invernos nordestinos e que ensinou muitas tradições ao seu povo e rezas ao seu Adonai. Com o cerrar dos olhos da última rezadeira de Mogadouro. Pela tia Olívia Tabaco ficou um carinho muito especial, na verdade ela partilhou aquilo que tinha de mais precioso, a memória do Seu Povo, a Tradição... Comovida, as lágrimas de saudade a escorrerem pela sua face quando falava do seu tempo de mocidade, do tempo dos velhos marranos, rosto curtido por muitos invernos, mais parecia um velho pergaminho...Que Adonai esteja sempre contigo tia Olívia na última viagem, para junto do resto do teu povo, do povo de Moisés, que acompanhem tantas luzes como aquelas que tu acendestes a ELE todas sextas-feiras à noite nas velhas candeias de azeite puro e com as torcidas rezadas, como quem desfia um rosário... Dona: Olívia Rodrigues “Tabaco”

Os Judeus na Obra de Trindade Coelho” contribuiu muito para isto. O seu lançamento público excedeu as melhores expectativas, o salão nobre da Câmara Municipal de Mogadouro foi pequeno para tanta gente e largas dezenas tiveram mesmo de ficar no corredor. Em poucos meses, o livro esgotou. No seu lançamento os oradores (António Júlio Andrade, Dr. Álvaro Leonardo Teixeira, Professora Maria de Jesus Sanches e Dr. João Guerra) foram brilhantes, cativaram a atenta assistência. Contudo gostaria de destacar duas pessoas que se encontravam presentes e que impressionaram a assistência pelos seus testemunhos pessoais: o Dr. João Guerra e o Elias Nunes. O Dr. João Guerra porque é transmontano, de Freixo de Espada-à-Cinta, descendente de judeus, voltou novamente à religião e tradições de seus avoengos. Retomou novamente o fio que a horrível Inquisição tentou, em vão, cortar. Não teve complexos, magistrado, não hesitou em responder o chamamento do sangue. O Elias Nunes, comerciante, de Belmonte (actualmente presidente da Comunidade Judaica de Belmonte), era o representante vivo, felizmente muito vivo, de um povo mártir, que sofreu na pele os horrores da Inquisição e a discriminação da estupidez, da intolerância e da xenofobia mas que a tudo isso resistiu e que contra tudo e contra quase todos manteve a tradição, a integridade e a fé do seu povo. As pessoas viram alí, bem diante dos seus olhos, um jovem, com a sua esposa, que se afirmava Judeu, que não tinha vergonha, antes orgulho, de nas suas veias correr o sangue de cristãos-novos, de marranos que muito sofreram mas que continuava vivo, de cabeça bem levantada. As pessoas estavam habituadas a verem só estudos sobre marranos como coisa do passado. Tudo estaria perdido...Tudo estaria já encoberto pela poeira do tempo...Só uma vaga recordação de uma passado já longínquo... De repente viram que não, que ali estava não um papel amarelecido pelo tempo, mas o representante vivo de uma comunidade viva, como o foram outrora as de Azinhoso, Vilarinho dos Galegos, Argoselo, Carção, Mogadouro...Isso mexeu com eles, tocou-lhes fundo da alma, mexeu na sua memória colectiva... De repente, viram que aquilo que as suas avós e seus pais lhes ensinaram tinha sentido, correspondia a uma cultura, estava-lhes no sangue..Lembro-me assim de repente que duas pessoas disseram o seguinte: “Sabe, o meu tio que tinha um sóto em Mogadouro dizia-me que nunca se devia varrer o sóto no Sábado, dava azar..., sempre achei que ele “não batia bem da bola”, agora sei porque é que ele, que era de
Argoselo, me dizia isso..”, ou aquele habitante do Azinhoso que fez questão em mostrar onde eram os “pelames” no Azinhoso...Tinham a necessidade de me dar o seu testemunho, de dizer que também eles tinham sangue...judeu ! Sei que procuram as suas raízes, a sua memória.
Nota:
1 “chuço” é, em Vilarinho dos Galegos um cristão-velho, que não é descendente
de judeus. http://www.ahjb.com.br/pdf/jornal_may00.pdf

NOTAS MONOGRÁFICAS

VILARINHO DOS GALEGOS: Orago: S. Miguel. População residente: 257 (Censos de 2001, dados preliminares). Festas: Nossa Senhora das Necessidades (último domingo de Maio); S. Miguel (29 de Setembro); S. Bartolomeu (24 de Agosto) e Santa Bárbara (4 de Dezembro). Presidente da Junta de Freguesia de Vilarinho dos Galegos: José Joaquim Campos. Vilarinho dos Galegos, foi um importante centro de marranos. Nesta aldeia, existiu a maior comunidade de judeus desta zona do Nordeste Transmontano. Ainda hoje os habitantes de Vilarinho são conhecidos por "Judeus". O seu nome é óbvio: Vilarinho é o diminutivo de Vilar (já tratado anteriormente, nomeadamente quando falamos de Vilar do Rei). Dos Galegos, porque, terá sido repovoado por gentes vindas da Galiza. Tem vestígios castrejos, sendo de realçar o Castelo dos Mouros, antigo povoado, do qual restam muros, restos de parede e um fosso em volta. Em Vilarinho dos Galegos, devemos visitar: A Fraga do Calço, com inscrições rupestres; A Igreja Paroquial; A Igreja de Vila dos Sinos; Capela de Santa Bárbara; ponte; fontanários e do poço do Cadoiço. Sobre a anexa Vila dos Sinos, escreveu o Dr. A Rodrigues Mourinho: "Pequena aldeia cheia de história e beleza natural. Encontramos aqui uma ascensão de culturas desde a época pré histórica, passando pela cultura céltica bem representada na cultura dos berrões da qual temos resquícios em algumas estátuas daqueles animais ainda lá existentes, até à época romana da qual restam algumas lápides funerárias. Da época medieval resta um pequeno cemitério escavado há pouco tempo e a própria igreja paroquial que conserva ainda a cachorrada bem própria do estilo românico. O interior do templo com lageado ainda primitivo, está ornado com retábulos de talha muito simples, mas que ostentam pinturas de autores portugueses do século XVI, infelizmente mal restauradas, em épocas posteriores. Longe da povoação e junto da ribeira de Vila dos Sinos há a chamada "Fraga do Diabo" com insculturas rupestres. Existem ainda outras cavernas que, segundo os peritos da matéria, terão sido habitadas na pré história". Em Vila dos Sinos, apareceu recentemente, uma estela funerária romana, encimada por duas suásticas de seis raios.

A porca - Vila dos Sinos





A Porca: ( Vila dos Sinos)

Fraga do Diabo - Vila dos Sinos





Vila dos Sinos, freguesia de Vilarinho dos Galegos

A fraga do diabo faz parte de um conjunto de abrigos pré-históricos de difícil acesso, dispostos perpendicularmente em ambas as margens de uma ribeira afluente do Douro. Na margem esquerda existem quinze pequenos painéis gravados com sulcos. Na margem direita temos dois pequenos abrigos com gravações semelhantes.

Protecção: Imóvel de Interesse Público, Despacho de Março 1984. As gravuras rupestres da "Fraga do Diabo" situam-se no termo de Vila dos Sinos, freguesia de Vilarinho dos Galegos. Este conjunto de arte rupestre já foi alvo de um estudo (pelo menos) da autoria de Francisco Sande Lemos e Domingos Marcos, publicado nos "Cadernos de Arqueologia" (1984). Os autores dão-nos conhecimento da versão popular: o diabo afiaria aqui as suas unhas, deixando as marcas que perduraram até hoje. Embora, tal como referem e se pode observar nas imagens do vídeo, já houve diversas tentativas de as destruir. Os autores fazem uma tentativa de localização cronológica que situam entre o Paleolítico Superior e a Idade do Ferro, mas sem arriscarem um período concreto (propõem a Idade do Bronze, mas com interrogação). De resto, pouco mais dizem com interesse para o caso. Estas insculturas assemelham-se às de Meirinhos, já aqui retratadas, e que Barry Fell propôs serem manifestações de escrita ogâmica. A tese do reputado investigador foi colocada em causa por diversos pares seus. A escrita ogâmica era representada em carvalho e acácia, enquanto as de Meirinhos foram-no no granito e estas no xisto. Será isso relevante? Sobram mais interrogações do que certezas... Por fim, diga-se que existem perto de Palaçoulo algumas manifestações de arte rupestre em tudo semelhantes a estas de Vila dos Sinos. Se alguma alma caridosa que conhece o local se quiser oferecer para me conduzir até lá, aceito... Etiquetas: fraga do diabo, História e Arqueologia, vila dos sinos

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Lenda do castelo dos mouros


No Castelo dos mouros, em Vilarinho dos galegos, segundo diz a lenda, estão encantados um mouro e uma moura. Os tesouros neste castelo são enormes - diz-se.Ali existem teares de ouro, baús e malas atestadas de moedas de ouro e prata, barras de ouro e prata, aos montes. Este tesouro desencantado chegaria para enriquecer o país inteiro.Consta-se que em tempos, um homem deste sítios, visitava amiudadas vezes o castelo. Um dia, apareceram-lhe os mouros, mostraram-lhe aquela grandiosa riqueza e disseram-lhe:- Se queres ser senhor de todos estes tesouros, hás-de desencantar-nos. Para isso basta que tenhas coragem. Estás aqui, neste lugar, na noite de S. João, à meia-noite em ponto. Aqui virá ter um touro bravo, urrando e fazendo barulho, mas não tenhas medo que o touro sou eu. Não hás-de fugir nem falar no teu Deus. Logo que chegue a ti põe-lhe a mão na testa e basta. O homem aceitou. Na noite de S. João, à meia-noite, lá estava ele no lugar marcado. Mas eis que apareceu o touro urrando e escavando no chão com as patas, e o homem, cheio de medo, vendo aproximar-se o touro, foge gritando:- Ai jesus! Quem me acode! Tudo estava transtornado e os mouros que se julgavam livres desapareceram no meio de suspiros e ais, e lá voltaram para o seu penoso cativeiro com o encanto dobrado.

Ponte Romana


Ponte medieval de tabuleiro horizontal sobre dois arcos redondos iguais. O aparelho é de pilares de granito e de alvenaria de xisto. Tem contrafortes no pegão, com talha-mar triangular e talhante redondo. As guardas são em pilhares de granito e pavimento em calçada de paralelo.

domingo, 21 de setembro de 2008

"CASTRO - CASTELO DOS MOUROS"







No cimo de um esporão sobre o Rio Douro, em paisagem de beleza selvagem, encontra-se um reduto defensivo, só acessível pela parte Norte, onde se observam restos de muralhas, de um fosso e um pequeno campo de pedras fincadas.
No interior encontram-se alguns fragmentos de cerâmica manual, própria da Idade do Ferro, juntamente com outros que consideramos serem da época romana.
A porta principal estava defendida por um torreão, hoje circundado no exterior por três linhas de muros concêntricos, de construção posterior.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

" O AUTOR "



A internet abriu portas até então fechadas a sete chaves, por falta de iniciativa de outrem, surgiu-me a ideia de me aventurar a divulgar as gentes da terra este mundo encantado a distância de um clic.

Com esta forma de comunicar, a seu tempo, e com a ajuda te todos aqueles que queiram colaborar, divulgaremos ideias, pessoas e património, que fizeram e fazem a história da nossa terra natal.

Pretende-se fazer transparecer a visão de todos, presentes ou ausentes, por questões pessoais, profissionais e aqueles que procuraram melhor qualidade de vida por esse Mundo fora.

Divulgaremos neste blogue a história, o património e suas figuras. Um pouco do espólio deste nosso Vilarinho dos Galegos que nos viu nascer.

Com este blogue, colmataremos falhas de comunicação entre as gentes da nossa terra. Comente! Divulgue! Ficaremos todos mais informados! Pois foi com esse propósito que fui criado.

Carlos Mendes

CHAFARIZ


Centenário


O nosso chafariz construído em 1908, pelas gentes da terra, festejou aniversário em 14 de Setembro de 2008.
A Junta de freguesia decidiu imortalizar esta data com toda a pompa e circunstancia, convidou a população, sua eminência o Cónego Dino, que benzeu a referida fonte e foi colocada placa comemorativa dos 100 anos.
Nos festejos reviveram-se os tradicionais jogos, fito, lançamento da pedra entre outros, que foram realizados no campo de jogos. Confraternizou-se na casa do povo, com repasto tradicional para todos os convidados. todos?